Descrição
Há lugares no Mundo onde se reúnem todas as condições para cultivar café de especialidade. Cutervo, uma província da região de Cajamarca no Peru, é um desses sítios onde o clima, a altitude, e os solos férteis convidam ao cultivo desta bebida ancestral. Foi aqui que Pepe e Celestinda decidiram criar raízes e fazer crescer a sua família e os seus primeiros cafeeiros.
Há 28 anos, quando ficaram noivos, não era assim tão comum começar uma plantação do zero, até porque nenhum deles vinha de uma família de cafeicultores. Mas ambos eram jovens, cheios de esperança e espírito trabalhador e Pepe tinha observado como o café crescia bem na comunidade vizinha, por isso sabia que seria uma boa oportunidade de negócio.
O seu irmão emprestou-lhes meio hectare de terra, onde plantaram os seus primeiros pés de café. Enquanto os cafeeiros cresciam, também a sua família aumentava. Tudo o que aprenderam sobre o cultivo do café, passaram aos seus seis filhos. Hoje, quatro deles dedicam a sua vida também ao café, o qual representa a sua principal fonte de rendimento.
Atualmente a família possui 10 hectares onde produz café arábica de grande qualidade. A forma como o cultivam é de um profundo respeito pela fauna e flora que os rodeia e com um sentido de gratidão sempre presente por verem o trabalho de uma vida continuar a dar frutos.
Mesmo reunidas as condições mais favoráveis à produção de café, Pepe e Celestinda, estão cada vez mais preocupados com os desafios que as alterações climáticas vão colocando à sua produção. Ano após ano, tem-se tornado cada vez mais difícil lidar com a imprevisibilidade das chuvas, geadas e temperaturas mais altas que são cada vez mais frequentes e chegam quando menos se espera. Estas mudanças no clima criam condições para o aparecimento de fungos e de pragas que podem ser devastadoras para todos os agricultores.
Apesar desta ser a região líder em exportação de café arábica do Peru, é também uma das mais pobres em que o dinheiro da venda do café serve para muito mais do que sustentar as próprias fazendas. É com ele que os produtores alimentam as suas famílias, levam os seus filhos à escola e pagam por outros bens essenciais.
Felizmente, o café não é a única bebida que esta família produz com amor. Todos os anos cultivam cana-de-açúcar para produzir “yonque” ou “cañazo”, uma bebida típica feita à base de sumo de cana-de-açúcar fermentado e que é depois destilado. Produzem cerca de 875 litros por ano.
Para descrever melhor o café pedimos ajuda à Paula Aguiar, artista Brasileira, que nos ajudasse a transpor visualmente as notas e emoções deste café. Sigam-na para ficarem a conhecer o incrível trabalho dela.